A opinião da crítica sobre a Bienal de Arquitetura de Chicago 2019

A terceira edição da Bienal de Arquitetura de Chicago (CAB) foi inaugurada em Chicago com uma série de novas exposições e instalações em toda a cidade. Com o tema "...E outras histórias semelhantes", a bienal mostra o trabalho de mais de 80 colaboradores, incluindo o MASS Design Group, Forensic Architecture, Theaster Gates e muito mais. No principal espaço da Bienal, mergulhamos em algumas das exposições e histórias emergentes.

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© Laurian Ghinitoiu

O Chicago Cultural Center é o principal local da Bienal de Arquitetura de Chicago 2019, com seu espaço mais importante de exposições recebendo projetos de 80 participantes de mais de 20 países. Inaugurado em 1897, o Chicago Cultural Center é um edifício histórico de Chicago operado pelo Chicago Department of Cultural Affairs and Special Events e é o lar de exposições culturais e programação gratuitas durante todo o ano. Para contextualizar a abertura da Bienal, o CAB começou com um debate entre críticos quandoBlair Kamin, crítico de arquitetura do The Chicago Tribune, escreveu uma coluna controversa que questionava a ética por trás do pagamento de viagens e despesas para a imprensa cobrir eventos como a Bienal.Kamin levantou a questão da confiabilidade do trabalho desses jornalistas. Ele recebeu críticas de vários críticos e escritores, de Mimi Zeiger e John Parman a Alissa Walker.

The Gun Violence Memorial Project

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O espaço principal inclui uma ampla variedade de exposições e instalações. É digno de nota o memorial do MASS Design Group às vítimas da epidemia de violência armada na América. A equipe trabalhou em parceria com o artista Hank Willis Thomas e os grupos de defesa do controle de armas Everytown for Safety e Purpose Over Pain para desenvolver o The Gun Violence Memorial Project (2019) [Projeto Memorial da Violência Armada - tradução livre] e homenagear a vida de vítimas da violência armada. Por meio de advocacy e oficinas de coleção de objetos de lembrança, eles convidam o público a contribuir com histórias e memórias para o memorial em construção. Os objetos ficam em uma coleção de casas de vidrorepresentando a magnitude das mortes por armas de fogo que ocorrem durante um único mês nos Estados Unidos.

How Together

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Construído colaborativamente pela ConstructLab, uma equipe de designers-construtores com sede em Berlim e em Chicago, How Together (2019) aborda o tema da união de várias maneiras. Inclui uma ágora (espaço aberto para assembléia pública) gerando possibilidades de conversação e coletividade; uma parede públicaexibindo as vozes dos colaboradores e participantes da Bienal; ferramentas e dispositivos recém-criados para momentos de convívio; e o que eles chamam de anti-manual: um manual do usuário sobre as possibilidades de transformação do espaço. A How Together abrigará programas públicos e workshops durante toda a Bienal.

MSTC

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Vários movimentos habitacionais estão ocupando propriedades vagas no centro de São Paulo para pressionar a cidade a implementar políticas de habitação social e, ao mesmo tempo, fornecer moradia a comunidades de baixa renda, para que elas possam ter acesso às estruturas urbanas e às oportunidades de emprego disponíveis apenas no centro da cidade. O MSTC (Movimento Sem Teto do Centro) é uma das organizações mais ativas nesse sentido. Esta instalação, desenvolvida por um grupo de pesquisa em colaboração com a escola de arquitetura Escola da Cidade e o coletivo de arte e curadoria O Grupo Inteiro, apresenta as estratégias do MSTC para o ativismo habitacional.

The Plot: Miracle and Mirage

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The Plot: Miracle and Mirage (2019) é um projeto de pesquisa de Alejandra Celedón, Nicolás Stutzin e Javier Correa, que desvenda a história de como os experimentos em economia de livre mercado engendraram um modelo urbano. Nas décadas de 1970 e 1980, um grupo de economistas chilenos treinados na Chicago School of Economics foi responsável por conceber a privatização total de serviços sociais e infraestrutura financeira durante a violenta ditadura militar de direita de seu país. Eles fizeram de Santiago, capital do Chile, um "experimento de liberdade" — um laboratório para novas formas de desenvolvimento urbano e políticas habitacionais orientadas financeiramente, agora associadas à crise mundial da habitação.

Beyond the City: The South American Hinterland in the Soils of the 21st Century

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Da urbanização gradual do deserto de Atacama até o bombeamento descontrolado de petróleo na Amazônia brasileira, equatoriana e peruana, o interior da América do Sul é sede de projetos de infraestrutura de grande escala e extração de recursos. Os governos sul-americanos entregam seus recursos naturais a compradores estrangeiros em troca de empréstimos e (muitas vezes mal planejados e executados) projetos de obras públicas. Beyond the City: The South American Hinterland in the Soils of the 21st Century (2019) [Além da cidade: o interior da América do Sul nos solos do século XXI - tradução livre] demonstra como a arquitetura e o urbanismo moldaram os espaços onde ocorre a extração de recursos. O projeto apresenta cinco projetos, em cinco territórios envolvendo cinco tipos de recursos.

Refugee Heritage

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Dheisheh é um campo de refugiados palestinos estabelecido em 1949. De 2015 a 2017, a Decolonizing Architecture Art Residency reuniu políticos, especialistas em conservação, ativistas e residentes locais para discutir as implicações de nomear Dheisheh — um local estabelecido com a intenção de ser temporário — como Patrimônio Mundial. Refugee Heritage (2015-2018) [Patrimônio dos Refugiados - tradução livre] apresenta a candidatura para esta nomeação,imagens de Dheisheh e documentação sobre o estado atual das vilas habitacionais da primeira geração de refugiados de Dheisheh. O projeto desafia as definições de patrimônio, questionando como os instrumentos arquitetônicos podem ser enfraquecidos ou mobilizados como agentes de transformação política.

Os visitantes também devem conferir Descolonizing the Chicago Cultural Center [Descolonizando o Chicago Cultural Center - tradução livre]. O Projeto Cidade Colonial dos Colonizadores, liderado pelos arquitetos Ana María León e Andrew Herscher, propõe que o colonialismo dos colonizadores é uma realidade permanente nas Américas. Feito em colaboração com o American Indian Center de Chicago, o primeiro centro comunitário nativo urbano nos Estados Unidos, o Decolonizing the Chicago Cultural Center (2019) oferece uma leitura "descolonizada" do edifício e da cidade de Chicago. Suas publicações, programas públicos e intervenções específicas no local revelam histórias ocultas de violência colonial incorporadas ao edifício.

A Bienal de Arquitetura de Chicago tem curadoria de Yesomi Umolu, Sepake Angiama e Paulo Tavares. O calendário completo de eventos continuará até 5 de janeiro de 2020.

Sobre este autor
Cita: Baldwin, Eric. "A opinião da crítica sobre a Bienal de Arquitetura de Chicago 2019" [Critics and Community: Reviewing the 2019 Chicago Architecture Biennial] 18 Out 2019. ArchDaily Brasil. (Trad. Moreira Cavalcante, Lis) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/926413/a-opiniao-da-critica-sobre-a-bienal-de-arquitetura-de-chicago-2019> ISSN 0719-8906

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